POBRES ( III )
Não estamos sujeitos a regras.
Não damos satisfações.
Não queremos relógios.
Não queremos obrigações.
Não somos queridos.
Somos escorraçados.
Não temos amigos.
Vivemos à margem,
Não somos benvindos.
Não temos trabalho,
Nem segurança social.
Não Temos médico,
Não temos hospital.
Não somos lembrados.
Vivemos na rua.
Não somos mendigos.
Dormimos no chão.
Por companhia temos um cão.
Não vamos a missa.
Não temos religião.
Não lemos jornais.
Não vemos televisão.
E quando morremos.
Não temos funeral.
Não temos jazigo,
Não temos uma lápide.
Não temos família,
Para nos chorar.
Somos só enterrados.
Dão-nos um número,
Numa campa rasa.
Somos esquecidos.
Não vem no jornal.
1 comentário:
Já li estes poemas...quando mos enviaste! Num ano particularmente difícil para ambos, mas cheio de gozo também! Felizmente que apanhei um comboio até Coimbra...só tenho pena que o bilhete fosse de ida e volta.
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